Anúncios Importantes Durante o Lançamento do Novo Mega Drive

O evento comemorando os 30 anos da Tec Toy e o lançamento do novo Mega Drive contou com Luciano Amaral como mestre de cerimônia e a presença do presidente do conselho de administração da Tectoy, Stefano Arnhold, o vice-presidente executivo da SEGA Sammy Holdings, Tsurumi Naoya, o CEO da Tectoy, Tomás Diettrich, o diretor de operações da Tectoy, Roberto Favero, e o gerente de e-commerce e marketing da Tectoy, Victor Raful.

Houve inicialmente uma breve apresentação sobre a história da Tec Toy e um bate-papo com Tsurumi Naoya, que trabalhou por 25 anos na SEGA. Logo em seguida perguntaram por que SEGA e não Nintendo, Stefano Arnhold respondeu:
"É na realidade foi uma escolha muito fácil, por dois motivos, primeiro que a SEGA não era só videogames, a SEGA tinha brinquedos também, e um dos motivos da criação da Tec Toy foi explorar o nicho de segmento de brinquedos eletrônicos. E segundo que na época do 8-bit, (trecho inaudível) que a Nintendo tinha um nível de penetração no mercado muito superior à SEGA, mas o produto da SEGA era muito melhor, então a gente apostou no Master System como sendo um produto muito melhor e nós não tivemos dúvida nenhuma que nossa parceira seria a SEGA e não a Nintendo."
Em seguida, Stefano Arnhold comentou sobre como foi convencer a SEGA:
"Na parte de brinquedos foi bastante fácil, então a gente começou produzindo aquela pistola Zillion, e este foi um processo que foi bastante (trecho inaudível) embora naquela época nós fomos obrigados a fazer o produto integralmente no Polo Industrial de Manaus, então tinha que trazer todos os moldes para cá, era uma coisa que os japoneses ficaram assim um pouquinho ressabiados, mas no fim eles entenderam. O que aconteceu foi o seguinte, que nós vendemos muito mais Zillion aqui do que eles no Japão, e número dois, o Zillion era baseado num anime, e eles tinham dificuldade de colocar ele na tevê japonesa, e nós vendemos aqui os direitos pra Globo, e a Globo mostrou de vez em quando, mas ela repassou os direitos pra tevê Gazeta, e a tevê Gazeta mostrava em São Paulo, às oito e meia da noite, todos os dias e nós mostramos pra eles que o anime tava em prime time em São Paulo e o número de pessoas que moravam em São Paulo, então com isso a gente se credenciou a pleitear o Master System, mas como Tsurumi san tava explicando, eles tiveram muito má experiência com a Tonka, nos EUA, que é uma empresa de brinquedo, e mais ou menos ficou pros japoneses a ideia de que uma empresa de brinquedos não era capaz de distribuir videogames, aí vem a Tec toy pede para distribuir o Master System, então a primeira reação deles foi muito negativa e o sr. Yagi (Kunimasa), que era o diretor responsável pela área internacional na época, ele realmente queria fechar o contrato com a gente, mas ele foi muito pressionado politicamente dentro da empresa pra não fazê-lo. E os nossos amigos da Gradiente aproveitaram pra ir lá e realmente eles são muito bons. Eles fizeram uma apresentação acho que com cinco picadeiros simultâneos, não sei o que fizeram lá, mas eles fizeram a SEGA balançar. Como dizem os americanos: “The rest is history.”"
Uma história marcante de parceria da SEGA e Tec Toy, conta Stefano Arnhold:
"Tem, realmente tem, tem vários uma de que eu acho que pra nós foi muito marcante, foi o jogo do Ayrton Senna, porque foi uma coisa, toda vez que a gente ia na SEGA propor uma coisa, a gente tinha que explicar, a Turma da Mônica aqui, Mônica e tal, e aí nós fomos lá e sugerimos a eles fazer um jogo do Ayrton Senna e não foi preciso explicar quem era Ayrton Senna, eles sabiam muito bem, “Ayrton Senna a so desu ne, so desu.” Então não preciso explicar nada e por coincidência, o senhor Irimajiri (Shoichiro), pra quem não conhece Irimajiri san, a lenda diz que quando ele entrou na Honda, ela só fabricava veículos de duas rodas e foi Irimajiri san que levou eles pra quatro rodas, e naquele momento ele era um, um vice-presidente da SEGA recém-contratado, aí a gente chega propõe, ah, e ele enquanto tava na Honda, toda a área de competição respondia a vice-presidência dele, ele conhecia pessoalmente o Ayrton né. Então foi tranquilo, uma coisa assim que a experiência de produzir o jogo com Ayrton foi uma coisa realmente muito legal, muito bacana."
Stefano Arnhold narra sobre propor negócios aos japoneses:
"Acho que foi muito legal no 8-bit é que nós realmente demos uma surra na Nintendo razoável, então nós tínhamos aqui entre 80 e 85% do mercado de 8-bit e a SEGA não tinha isto em nenhum outro lugar do mundo, então isto, vamos dizer depois daquele momento de desconfiança, será que uma empresa de brinquedo é capaz de distribuir os vídeo jogos? A gente passou a ter o respeito da SEGA no Japão. Então isso nos credenciou a poder propor muitas coisas, que normalmente eles eram pouquinho, assim meio, avesso às coisas que não eram que não vinham deles mesmos. Acho que todo mundo conhece a história do adaptador, da fonte de alimentação que a gente colocou dentro dos produtos e eles disseram né, tentavam convencer o Roberto que aquilo era impossível, inventavam todo tipo de história, uma história que não colou, que desbalanceava o peso do console, se ele caísse no chão, ele ia se desbalancear, ia quebrar, aí jogou não sei quantos consoles no chão e não quebrou nenhum, enfim, então acho que foi muito legal justamente a gente poder propor muitas coisas, né. E a gente realmente aproveitou e propôs um montão de coisa."
Sobre o desafio de fabricar o Mega Drive no Brasil, depois do sucesso do Master System, respondeu Roberto Favero:
"Era uma época em que as regras eram muito restritas na Zona Franca de Manaus, então o desenvolvimento de um produto novo, fazia com que a gente tivesse que nacionalizar praticamente 100% do produto. E daquela época existiam fabricantes do Brasil, mas você tinha que desenvolver todos os componentes, e isso foi bastante duro pro Mega Drive era tecnologia de ponta naquela época."
Por que relançar o Mega Drive? Stefano Arnhold responde:
"Na realidade, a gente no ano passado pensou: Bom vamos completar 30 anos de relacionamento com a SEGA. Que que a gente poderia fazer para comemorar essa data para não deixar passar em branco? Porque afinal a indústria de videogame, indústria que não é tão longeva, não tem tantas parceiras que já duram trinta anos, bom, então vamos lançar um console."
Desafios sobre o novo hardware, Stefano Arnhold diz:
"A gente procurou sempre ir buscar o produto mais perto possível do produto original. Só que tem alguns desafios muito grandes, o desafio na área de som é imenso, tanto que eu já vou pedindo desculpas direto porque, algumas coisas a gente não conseguiu realmente resolver da forma que gostaria. O som do Mega Drive era feito por dois processadores da Yamaha que é uma empresa que dispensa comentários sobre o conhecimento que eles tem nessa área, os processadores de áudio que não existem mais. O 68000 da Motorolla não existe mais, o Z80 não existe mais, só pra citar alguns componentes. Então nós procuramos realmente a equipe de engenharia do Roberto está de parabéns, acho que eles fizeram um trabalho muito bacana e eles continuam trabalhando no hardware, é uma coisa que a gente vai contar pra vocês também, estão inventando uma coisa muito legal. Então nossos desafios de tentar fazer um produto o mais parecido possível com o original esbarrava em algumas dificuldades técnicas muito grandes, os televisores mudaram. Muita gente perguntou: Mas por que vocês não fizeram uma saída HDMI? Então, quer dizer, a explicação é muito fácil, quer dizer, simplesmente pegar um sinal analógico e tirar ele de dentro da máquina através de uma saída HDMI não iria mudar resolução, não ia mudar absolutamente nada. Se a gente fosse fazer um HDMI nativo, aí sim, processar o sinal digitalmente em alta resolução, esse processador ia custar uma pequena fortuna e ia inviabilizar tanto o preço do produto, quanto o lançamento pros 30 anos, aí ia tá provavelmente pros 60 anos do que pros 30 anos, enfim, não seria possível lança-lo neste ano. Então os desafios foram muitos, eu acho que a gente conseguiu um resultado muito legal, mas não deu pra fazer tudo do jeito que a gente gostaria."
O primeiro anúncio da noite foi a antecipação do lançamento do novo Mega Drive, provavelmente na próxima semana os primeiros compradores já devem estar recebendo o aparelho. O primeiro aparelho deste novo Mega Drive produzido pela Tectoy foi entregue a Tsurumi Naoya, segundo Stefano Arnhold, o videogame está personalizado com o nome do executivo japonês.


O segundo anúncio foi o lançamento do cartucho Turma da Mônica na Terra dos Monstros para o Mega Drive


Conta Stefano Arnhold:
"Nós tínhamos prometido realmente tentar fabricar cartuchos pro novo lançamento, e a gente sabia que ia ser difícil, porque vocês sabem que a Tectoy é uma empresa que preza muito respeito pelo direito de autor e a gente obviamente então foi buscar os direitos de vários cartuchos e falhou. Mas posso anunciar pra vocês que A Turma da Mônica vai tar no primeiro cartucho que vai ser desenvolvido agora pela Tectoy para o novo / velho Mega Drive, então o agradecimento especial à Maurício de Souza Produções por se envolver nesse projeto, também agradecimentos à SEGA pelos direitos de Wonder Boy, por nos ajudar a obter os direitos de licença para lançar Mônica no Brasil, então convencer o pessoal do Wonder Boy de que lançar o cartucho da Mônica não foi fácil, depois de nos darem essa licença foi ainda mais difícil, a gente tava quase jogando a toalha, quando o diretor da SEGA da América, na semana passada, é na semana passada, contou pra gente que ele tinha conseguido fechar o contrato com a empresa detentora dos diretos do Wonder Boy e com a sempre super cooperação da Mônica, a gente pode anunciar que o primeiro cartucho vai ser o cartucho da Mônica e eu não vou prometer mais nenhum, porque a dificuldade são muito grandes, a gente tentou com o Ayrton Senna, o pessoal do Instituto Ayrton Senna foi super bacana e se colocou à disposição para gente poder lançar o cartucho, mas os direitos de circuitos, do próprio direito da palavra Super Monaco, uma série de direitos, pertencem à outras pessoas e são absolutamente impossíveis de serem licenciados para gente, então o produto não, francamente, não nos foi possível e assim a história de vários outros que a gente não pode, então vou prometer mais nenhum."
E por que Turma da MônicaStefano Arnhold relata:
"A parceria com o Maurício de Souza ressaltada pelo nosso anfitrião aqui realmente ela foi muito reforçada com o lançamento da Estrelinha Mágica, então como vocês sabem a Estrelinha Mágica vendeu mais de um milhão de unidades, hoje a gente fala um milhão de unidades as pessoas acham que é um número pequeno, mas voltando 20 tantos anos atrás, não era qualquer produto no Brasil que vendia um milhão de unidades, e a gente até mudou para ficar perto do escritório da Maurício de Souza Produções, foi até uma coincidência. A gente tava numa casa lá no Sumaré, não tinha espaço pra todas as pessoas naquela casa, tanto que eu tinha um gerente de vendas e ele reclamava pra mim que não tinha mesa, cadeira, não tinha nada, falei: “você tem que vender mesmo, não tem que ter lugar aqui pra você, vai pra rua pra vender”. A gente então, eu tava indo conversar com Maurício, vi um galpão super grande com o letreiro aluga-se, liguei rápido pro Daniel, dá uma ligada rápida pra esse número e eu acho que a gente cabe lá dentro, e a gente mudou e a gente tava literalmente do outro lado da rua da Maurício, a gente no final do dia, de vez em quando ia lá e falava altos papos transcendentais de novas tecnologias e daí surgiu a ideia de fazer a Mônica no Castelo do Dragão. Tava tudo acertado, tudo contente, menos o pessoal do Roberto que teve de desenhar na mão pixel por pixel, eles não gostaram nem um pouco da ideia, aí o Maurício me liga e diz: “olha, infelizmente nós vamos ter que abortar o projeto, porque eu vi agora que a Mônica vai ter uma espada na mão e ela não pode, isso vai contra a filosofia do personagem, é um personagem do bem, da paz, ela jamais vai poder ter uma espada na mão.” Aí ele falou: “Acabou o projeto.” Aí ficou todo mundo lá, como a gente vai salvar o projeto? Aí alguém deu uma ideia brilhante, bom coloca o Sansão, o coelhinho que dá as coelhadas na mão dela e tá resolvido o projeto, todo mundo adorou, menos o pessoal do Roberto de novo, que não era apenas desenhar a Mônica, mas tiveram que desenhar o coelho pixel por pixel e eles ficaram furiosos."
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Fonte: Tectoy