Dragon’s Dogma - Crítica

Por Ricardo Syozi 

Foto: Divulgação/Netflix

Lançado em setembro no Netflix, Dragon’s Dogma chegou com pouco hype, ainda mais em comparação ao sucesso de Castlevania. Qualquer pessoa poderia dizer que foi uma escolha curiosa transformar esse game em anime com tantos outros títulos mais populares. Mas será que a série consegue agradar tanto os que conhecem o jogo quanto aqueles que nada sabem sobre esse universo?

A primeira temporada segue os passos de Ethan, um homem que perde aqueles que ama em um feroz e cruel ataque de um dragão à sua vila. O protagonista recebe uma investida onde o monstro engole seu coração e é deixado à morte, porém com a ajuda da peoa Hannah, ele volta à vida como um ressurgido. A partir daí seguimos em sua jornada para se vingar do dragão.

É importante ressaltar que um peão (pawn) em Dragon’s Dogma é uma pessoa praticamente imortal que não possui sentimentos e serve como um agente para auxiliar o ressurgido. Este é alguém que está vivo apesar de seu coração pertencer ao dragão, os ligando em destino para se enfrentarem fatidicamente. Enquanto mais se demora para matar o dragão, o ressurgido passa a perder aos poucos sua humanidade, dando uma grande urgência para que seu destino seja cumprido.

Ao todo são sete episódios, todos nomeados com os sete pecados capitais que, também, comanda a temática da narrativa. O episódio Preguiça, por exemplo, vê nosso protagonista em meio a uma vila onde seus moradores passam dias e noites fumando um fungo curioso, dormindo e tendo relações sexuais no meio disso. O episódio Cobiça apresenta uma batalha contra um lich que não quer se desfazer de sua enorme quantidade de ouro. Cada um dos sete episódios possui uma boa estrutura e não sai de sua temática, algo muito interessante para quem curte estudar sobre narrativa e roteiros.

Há fatores recorrentes em todos os episódios, violência e sexo são os mais frequentes, mas de vez em quando vemos momentos de amizade, amor, compaixão e empatia. Gostei bastante de uma cena na sexta história onde Hannah está comprando jantar para Ethan que está descansando em seu quarto. O cozinheiro dá a entender que eles são casados, e a peão acaba confirmando ao invés de corrigi-lo. Isso me trouxe a dúvida se ela possui algum sentimento sobre o ressurgido ou se preferiu confirmar apenas para não estender a conversa e entrar em detalhes. Esse tipo de nuance é algo que me chamou bastante a atenção em Dragon’s Dogma.

A animação foi feita pela Sublimation, a mesma que fez Shikizakura, a arte possui alguns belíssimos detalhes, mas por misturar 2D com 3D, senti que os personagens são mais “duros” do que deveriam ser. A direção ficou a cargo de Shinya Sugai que já trabalhou em Tales of Vesperia. O roteiro foi escrito por Kurasumi Sunayama que escreveu Blood+, entre outros projetos. Por fim, é importante ressaltar que as dublagens em inglês, português e japonês são todas ótimas, cada uma dando um toque próprio para a trama, mas jamais saindo de sua trajetória.

Dragon’s Dogma é um anime muito bem escrito, seu ciclo é encerrado com um interessante plot twist que, mesmo não sendo totalmente surpreendente, consegue completar a narrativa e a jornada dos três personagens, em um triângulo de humanidade e animosidade. É uma obra que vale seus sete episódios, mas que após seu encerramento, fica difícil se animar para uma segunda temporada caso existisse. O mais bacaninha é que a série é recomendada para fãs do game e, também, para aqueles que o desconhecem completamente.