Jogos e violência, mais uma vez. (I.A)


 Jogos violentos não aumentam a violência real.


Muitas vezes, os jogos eletrônicos são apontados como uma das causas da violência na sociedade, especialmente quando ocorrem tragédias como tiroteios em massa. Mas será que existe uma relação direta entre jogar jogos violentos e cometer atos violentos? O que a ciência tem a dizer sobre isso?

A resposta é: não há evidências suficientes para afirmar que os jogos violentos causam violência real. Pelo contrário, há vários estudos que mostram que os jogos violentos não têm efeito significativo sobre o comportamento agressivo dos jogadores, ou até mesmo que podem ter efeitos positivos, como promover interações sociais e desenvolver habilidades cognitivas.

Um relatório de 2015 da Associação Americana de Psicologia havia encontrado uma “relação consistente entre o uso de videogames violentos e o aumento de comportamentos e afetos agressivos”. Porém, a mesma instituição, em 2020, retificou a problemática, colocando que as evidências científicas eram insuficientes para comprovar tal ligação³.

Um artigo publicado na revista Ciência Hoje explica que a violência é um fenômeno complexo e multideterminado, que depende de diversos fatores individuais, sociais e culturais. Portanto, não se pode atribuir a culpa aos jogos eletrônicos sem considerar o contexto em que os jogadores estão inseridos⁴.

Uma pesquisa realizada pela Universidade de Oxford com mais de mil adolescentes e seus pais ou responsáveis concluiu que não há relação entre o tempo gasto em jogos violentos e o comportamento agressivo dos jovens. Os autores do estudo afirmam que é preciso levar em conta outros aspectos da vida dos jogadores, como sua personalidade, seu ambiente familiar e suas relações interpessoais.

Além disso, há evidências de que os jogos violentos podem ter efeitos benéficos para os jogadores. Um estudo da Universidade de Genebra mostrou que os jogos de tiro em primeira pessoa podem melhorar a capacidade de atenção visual dos jogadores, ou seja, a habilidade de processar rapidamente as informações visuais que chegam ao cérebro.

Outro estudo da Universidade de Wisconsin-Madison revelou que os jogos de estratégia em tempo real podem aumentar a flexibilidade cognitiva dos jogadores, ou seja, a capacidade de se adaptar a situações novas e mudar de estratégia conforme as circunstâncias.

Além dos benefícios cognitivos, os jogos eletrônicos também podem proporcionar experiências emocionais e sociais positivas para os jogadores. Um artigo da revista Psychology of Popular Media Culture analisou as motivações dos jogadores de diferentes gêneros de jogos e descobriu que eles buscam principalmente diversão, relaxamento, competição, desafio, fantasia e socialização.

Portanto, é preciso ter cuidado ao fazer generalizações sobre os jogos eletrônicos e seus efeitos sobre os jogadores. Os jogos são formas de expressão cultural e artística, que podem oferecer diversas oportunidades de aprendizado, entretenimento e interação. Não há motivo para criminalizar ou estigmatizar os jogos violentos ou seus consumidores.



Fontes:
Origem: conversa com o Bing, 19/04/2023
(1) Jogos, vício e violência: o que a ciência tem a dizer?. https://www.cienciahoje.org.br/artigo/jogos-vicio-e-violencia-o-que-a-ciencia-tem-a-dizer/.
(2) Videogame e violência: cruzadas morais contra os jogos ... - Jusbrasil. https://canalcienciascriminais.jusbrasil.com.br/artigos/594007076/videogame-e-violencia-cruzada