Blade of the Immortal/Mugen no Juunin: Immortal - Crítica

Por Jorge Miashike

Foto: Divulgação/Prime Video

No Japão feudal, o pai de uma garota é brutalmente assassinado e a mãe está desaparecida. A menina, de nome Rin Asano, em busca de vingança contra o assassino de seu pai, contrata um guarda-costas chamado Manji, por sugestão da monja Yaobikuni.

Manji é um ex-samurai conhecido pela alcunha de hyakuningiri (matador de 100 homens), pois acabou matando seu superior e outros 99 que vieram em seu encalço. O destino coloca em seu caminho a monja Yaobikuni que oferece a ele um chá, conferindo-lhe o dom, ou maldição, da imortalidade.

Rin e Manji partem em jornada pelo Japão atrás de Kagehisa Anotsu, o homem responsável pela morte do pai de Rin e sumiço de sua mãe. Kagehisa é o líder da Itto-Ryu, muito além de uma gangue, trata-se de um estilo de espada que carrega uma forte filosofia e um dos objetivos é acabar com os dojos tradicionais.

Esta é a trama principal criada por Hiroaki Samura, trama adaptada para anime pelo estúdio LIDENFILMS, entretanto a história é muito mais profunda que isso, e igualmente são seus personagens, impossível não simpatizar com alguns vilões da história e até torcer por eles, e é justamente aí que, para mim, o anime tem seu maior mérito.

Diferentemente da cultura ocidental, no oriente não existe para todos os casos o certo e o errado, é justamente no relativismo moral das decisões que Blade of the Immortal trabalha, colocando em xeque as escolhas morais e éticas de seus personagens, e deixando o telespectador na desconfortante posição do que faria naquela situação.

Apesar de bem feita, a animação fica bem aquém do traço do mangá, o anime de 24 episódios disponíveis no Prime Video, tem alguns problemas de anatomia de personagens em alguns momentos. Foram inseridos em alguns episódios, experimentações com o uso de imagens abstratas misturadas a animação que eu achei interessante.

A voz de Rin, interpretada por Ayane Sakura, achei madura para a idade da personagem, pois Rin tem 16 anos, é bastante estranha no início, mas depois me acostumei, uma vez que com o desenrolar da história, a personagem amadurece, a escolha foi acertada.

O tema de abertura SURVIVE OF VISION de Kiyoharu é estranhamente agradável, misturando inglês nipônico com japonês, ela casa bem com o anime. Falando em estranho, a obra possui outra peculiaridade, apesar de termos Rin e Manji como protagonistas, em determinados pontos da história, os personagens principais da trama passam a serem outros, pois como eu disse anteriormente, a personalidade de alguns personagens secundários é tão densa que eles ganham muito destaque e isso não é um grande defeito, porém acabam tirando um pouco de foco o objetivo de Rin.

Recomendo o anime para quem gosta de histórias de samurai com pitadas de modernidade, para quem for se aventurar, prepare-se para uma história carregadíssima na violência, física e psicológica. Eu gostei muito de Blade of the Immortal, o jeito que ele termina me deixou aquela boa sensação de vazio e pra mim já é uma obra a ser lembrada eternamente.