Entrevista com Renato Arrais sobre A Prisioneira da Noite




Nosso amigo desenvolvedor de jogo, Renato Arrais, está trabalhando em um jogo de aventura/plataforma, expandindo o seu universo com a personagem Nartide, protagonista de A Prisioneira da Noite.

Com exclusividade ele respondeu algumas perguntas sobre o novo jogo, suas inspirações, o que está usando para fazer o jogo e mais.

DGDC-Como surgiu a ideia ou inspiração para a história deste novo jogo?
Renato: O primeiro protótipo desse jogo foi em uma Global Game Jam. Eu e mais uns quatro colegas queríamos fazer um jogo de plataforma, com toques assombrosos, mas antes de tudo ser definido. Nesse dia, eu tive febre e fiquei em casa.Quando voltei, a turma já tinha feito um jogo bem bacana e aí eu tentei desenvolver uma ideia sozinho. Foquei em um conto que minha esposa escreveu alguns anos antes de ser minha namorada. O conto se chama "A prisioneira da noite" e fala sobre uma menina chamada Nartide que é levada pela noite e se perde no mundo das sombras durante muito tempo.

DGDC-Você se inspirou em algum jogo na parte de jogabilidade e mecânicas usadas?
Renato: Sim. Tenho jogado muito LIMBO e SUPER MEATBOY. O camarada morre várias vezes antes de passar de fase. A imagem do personagem sempre voltando, persistindo diante de armadilhas mortíferas... isso me encanta. Uma coisa que eu coloquei e que eu achei muito bonitinho foi o lance da troca de roupas. Na demo, tem apenas duas, a inicial, que é um vestido azul e uma roupa de princesa. Cada roupa dá a Nartide habilidades diferentes. Por exemplo, com a roupa azul comum, ela pode escalar alturas, empurrar e puxar objetos; com a roupa de princesa, ela não faz esses esforços físicos, mas pode planar, dar longos saltos pra alcançar plataformas distantes. Na versão final, serão 12 vestidos.


DGDC-O jogo está sendo desenvolvido com quais ferramentas e sairá pra quais plataformas?
Renato: Estou usando ferramentas gratuitas. Blender para modelagem e animação, Gimp para pinturas e texturas, Audacity para efeitos sonoros e Unity 3D como motor gráfico. Ao que tudo indica, vai sair para Windows/PC.

DGDC-Como estão sendo produzido os efeitos sonoros, dublagem e músicas? Você vai terceirizar esta parte?
Renato: A maior parte dos efeitos sonoros são batidinhas na mesa, sons de boca, barulhinhos que vou gravando no Audacity e mistura daqui, mistura dali, faz o som. Acho que pra versão final vou terceirizar isso. A dublagem da demo quem fez foi minha esposa Nazareth e Graciele de Lima que também é musicista e fez as trilhas sonoras que ficaram lindas!. A dublagem é bem pouca nesse jogo e acredito que vão continuar até o final. E na cena de créditos, eu coloquei uma música do professor da universidade UFCG e músico Naldinho Braga. O nome da música é "Boa noite" e está no CD dele chamado "Naldinho Braga e o carro de lata - Girando mundos". Ficou muito bacana! Essa música tem tudo a ver com o jogo!


DGDC-Conte um pouco de como será a história do jogo e sobre a personagem principal.
Renato: A menina Nartide mora em uma casa no campo. Em certo dia, ela dorme sem cobertor e o vento frio da noite, que no Ceará é conhecido como "Cruviana", leva a menina. Cruviana nunca teve uma representação gráfica, pelo menos, que eu conheça. Aí eu que inventei de fazê-la como uma cigana azul. Eu imaginei que fosse uma mulher e tal, tipo, Rainha das Neves do Hans Christina Andersen. O que acontece muito onde se fala de Cruviana é a frase dos pais para os filhos pequenos: “se enrole todim mode a cruviana”. Mas não dizem às crianças o que é cruviana. Daí a molecada acha que é tipo um monstro, uma bruxa, quando, na verdade, é o vento frio da noite, que causa resfriado, desencadeia alergia, abaixa a imunidade... Eu tentei fazê-la bem bonita, já que é uma força da natureza, mas, ao mesmo tempo que ela tem um jeito bonito de cigana, tem algo de maligno,que pode matar, como uma crise alérgica que baixa a imunidade e facilita a entrada de uma tuberculose. Quando Nartide se encontra perdida ela tenta achar o caminho de casa, mas enquanto corre, acompanha o movimento da lua, assim, nunca amanhece pra ela. Aí eu me lembrei do título do CD do nosso artista Naldinho Braga – “Girando mundos” - e do título da faixa 1 –“Boa noite”. Na jornada, ela encontra muitos perigos, oponentes e adjuvantes, sem nunca atacar. Acho que é uma forma de dizer "olha, o mundo é terrível, mas eu sou da paz!"

DGDC-Qual a relação deste jogo com o universo de A Grande Bagunça Espacial?
Renato: Cara, Nartide é um dos personagens jogáveis secundários em A Grande Bagunça Espacial. Inclusive em algumas fases do Bagunça aparece a Cruviana, apenas como imagem. Deixei-a lá pra ver se alguém reconhece nesse jogo novo. No mais, em A Grande Bagunça Espacial, o herói Waldisglédson é tio da menina Nartide. Ela o chama de TíWaldim. O nome do poder especial de Nartide em A grande Bagunça Espacial é "vento de Cruviana", e por aí vai. Uma coisa bacana que, mesmo quem jogou A Grande Bagunça Espacial não percebe de cara, é que Waldisglédson encontra Nartide em uma vila com cara de sertão, instalada em um planeta distante da Terra. Outra coisa, em A prisioneira da Noite, se você prestar atenção aos retratos pendurados nas paredes da fase 2, vai ver fotos de Waldisglédson e da Nêga. E na sexta fase,há uma mochila com uma estampa de A Grande Bagunça Espacial. No mais, em A Grande Bagunça Espacial, há uma fase onde o Waldisglédson anda a pé, como em um jogo de plataforma. Pra mim, serviu de ensaio pra fazer um jogo todo de plataforma!


DGDC-Quanto tempo de jogatina podemos esperar para concluir o jogo?
Renato: Mano, essa demo tem seis fases. Em cada fase, tem um gatinho escondido e um relógio com tempo decrescente. Chegar ao final da fase, tendo resgatado o gatinho e com tempo sobrando oito segundos ou mais, vai ser a maioria das "conquistas". Vi um camarada aqui gastar mais de 2 horas e meia pra passar as seis fases e não conseguiu resgatar todos os gatinhos e nem chegar ao final de todas as fases com sobra de oito segundos no relógio.

DGDC-Vão ter muitas áreas secretas, finais alternativos?
Renato: Vão. Serão 12 capítulos, cada um com uma média de 15 fases. Em alguns casos, o usuário pode jogar de forma não linear, com saídas alternativas, descobrindo fases secretas e, às vezes, saltando algumas fases, se conseguir encontrar o caminho pra isso.


DGDC-Alguma consideração final?
Renato: Primeiro, é bom demais estar aqui com vocês de novo. Valeu aí, gente! Vocês são os caras, manos! Segundo, não sei se vai dar tempo terminar o jogo esse ano. É muita coisa pra fazer, sabe? Terceiro, estarei na BGS 2017, então, bora dar uma olhadinha no pavilhão indie pra dar aquela força pros desenvolvedores BR! Quarto, joguem a demo, façam um vídeo, monetize e compartilhe. Eu sempre compartilho os vídeos da galera no meu Twitter e na minha página do Face, acho que isso ajuda. Quinto, quem encontrar bug ou tiver sugestão, pode mandar que eu agradeço. Sexto, eu espero que a turma goste do jogo e se divirta bastante!

Link para a demo do jogo: DOWNLOAD

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