Por Jorge Miashike
Foto: Divulgação/Netflix
A série Dark surgiu no catálogo da Netflix há alguns anos, mais precisamente em 2017, e causou um burburinho por tratar de um tema muito interessante que é a viagem no tempo. Na série, o protagonista Jonas (Louis Hofmann), tenta compreender os motivos que levaram seu pai ao suicídio, ao mesmo tempo em que algumas coisas estranhas começam a acontecer na pequena cidade de Winden, envolvendo principalmente a usina nuclear que se localiza na região e uma misteriosa caverna que possui uma ligação com a usina.
A partir daqui haverá alguns spoilers. Pois bem, a primeira temporada trouxe o elemento fantástico que é a máquina do tempo, capaz de levar o seu usuário a determinados períodos, podendo ele saltar do ano de origem para trinta e três anos no passado ou para o futuro, com isso a série acabou trazendo várias dúvidas e poucas certezas envolvendo um grupo de personagens ligado ao misterioso sumiço do pai de Jonas, que descobrimos que ele na verdade é o irmão mais novo de sua namorada Martha (Lisa Vicari), que acabou viajando no tempo para o ano de 1986.
A aparição de uma versão mais velha de Jonas (Andreas Pietschmann), assim como o surgimento de outros personagens como a Claudia (Lisa Kreuzer) da terceira idade, os acontecimentos em 1953, o misterioso Noah (Mark Waschke) e sua ligação com Helge (Hermann Beyer), foram tornando a trama cada vez mais complicada, mas interessante de se acompanhar, fazendo com que o telespectador ficasse muito atento aos nomes dos envolvidos e até então pensei se tratar de uma história onde os acontecimentos rolavam apenas em uma linha temporal, até que vem o final da segunda temporada, cujo encerramento acontece no Apocalipse, o dia que ocorre o acidente nuclear em Winden, e mostra Martha sendo assassinada pela versão bem mais velha de Jonas, conhecida como Adam (Dietrich Hollinderbäumer), líder do culto Sic Mundus, e pouco antes da explosão, eis que surge uma Martha viva que salva Jonas. A partir daí temos a terceira e última temporada da série.
Ficamos sabendo da existência de uma realidade paralela onde Jonas não existe, e ao longo dos episódios, descobrimos que a série toda se resume a uma briga entre Adam e a versão mais velha de Martha, chamada Eva (Barbara Nüsse), onde todos os acontecimentos da série foram manipulados pelas duas partes para que uma das duas realidades sucumbisse através do Apocalipse, sendo que a única pessoa capaz de analisar toda a situação por fora é Claudia, em sua versão muito mais velha, que aparecera na primeira temporada.
Certa vez, li diversas vezes o primeiro volume do mangá I am Hero de Kengo Hanazawa, por ter diversos personagens que foram construídos ao longo da história, então achei necessário decorar a maioria dos nomes, porém, todos os personagens, à exceção do protagonista, morrem ainda neste volume, e como um déjà vu, a coisa toda se repetiu em Dark, seu desfecho tira totalmente o brilho da série que era justamente entender quem era o que de cada personagem, eventualmente uma ou outra dúvida permaneça, mas com o final dado pela série, para mim acabou a vontade de saber mais sobre a ligação entre os personagens.
Com o desfecho de quadrinho da Marvel ou DC encontrado pelos criadores Baran bo Odar e Jantje Friese, é melhor acompanhar algum pastiche novelesco mexicano ou até da Globo. Na letra do clássico de César Menotti & Fabiano há os seguintes versos “Como um anjo / Você apareceu na minha vida”, finja que eu sou um cara que veio do futuro ou um ser celestial que está aparecendo para você agora e estou lhe avisando para não atravessar uma ponte que só vai te levar rumo à escuridão, ou seja, não perca seu tempo, pois assim como em Dark, depois não adianta tentar recuperar o tempo perdido.